sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Os bolos de natas da avó Q

Ao recordar a avó Q, mãe do meu pai, lembro-me logo das festas de família. 
A avó Q era muito pequenina, mas era uma matriarca poderosa com 7 filhos. Ficou viúva quando o mais novo tinha apenas 8 anos, o meu pai. 
Dizem que era autoritária e com um feitio difícil, mas na minha memória era uma velhinha enérgica que cheirava a álcool canforado e fazia doces deliciosos.





Por exemplo, o seu aniversário a 8 de Dezembro, feriado nacional, era um acontecimento e uma tradição familiar.
A comida era confeccionada com esmero e o convívio à mesa um júbilo.
Era sempre casa cheia.
Enquanto criança lembro-me dos seus bolos de natas que havia em todas as festas e que eu devorava quase compulsivamente. Os maravilhosos bolos eram feitos com natas caseiras e isso fazia toda a diferença.
Naquele tempo comprava-se leite do dia, inteiro e fresco, em garrafas de vidro. 
Era costume ferver o leite durante vários minutos em lume o mais brando possível, para matar as bactérias nocivas. Neste processo formava-se à superfície uma bela camada de nata gorda e cremosa que depois de fria era guardada no frigorífico dentro de uma tigela com umas pedrinhas de sal por cima. Todos os dias se juntavam mais natas e escorria-se o soro que também era aproveitado. 
A tigela cheia era a medida padrão na receita dos bolos de natas.

É na cozinha que se revela a minha paixão e minha alegria e aqui hei-de mostrar como estas recordações são inspiradoras.

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